Índice
- 1/6 A inspiração
- ___O que é arquétipo
- 2/6 Arquétipos das deusas e a psique feminina
- 3/6 A mitologia de Perséfone
- 4/6 Processo de transformação
- 5/6 Características da Perséfone amadurecida que trazem ensinamentos para a transformação pessoal
- 6/6 A obra
1/6 A inspiração
Quando fiz um curso de desenvolvimento pessoal que tinha como base a relação entre os arquétipos das deusas da mitologia grega e a psique feminina, passei a compreender melhor aspectos da minha própria personalidade.
Esse estudo abriu as portas para aprofundar meu autoconhecimento e também expressar através da minha vida e arte alguns desses arquétipos. Embora as deusas sejam mitos, de acordo com Carl Jung, elas fazem parte do inconsciente coletivo e portanto, estão dentro de cada ser humano.
Intuitivamente decidi ilustrar a querida Perséfone, e dessa forma me senti encorajada a falar um pouco mais sobre este arquétipo que eu considero um dos mais enriquecedores entre as deusas. Em tempos cheios de incertezas como os de hoje, acredito que Perséfone é um símbolo fortíssimo que pode trazer grandes aprendizados.
Por isso, criei uma série de 6 posts através dos quais eu apresento minha mais recente obra, embora singela, repleta de significados (aqui está tudo em uma única página seguindo a sequência da publicação original no Instagram)
Tanto ela como as publicações demandaram o tempo necessário para amadurecer. Não poderia ser diferente disso, já que Perséfone é aquela que ensina a paciência e a sabedoria de saber esperar, aceitar nossas próprias sombras e aprender com elas o caminho do renascimento.
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O que é arquétipo:
Arquétipos são símbolos que integram o inconsciente coletivo desde o início dos tempos, que são capazes de interferir, por padrão, na percepção, sentimentos e ações das pessoas, sem que elas percebam, por se tratarem de comportamentos inatos, herdados geneticamente (ou da filogenética - por Jung).
Segundo Jung, todos os arquétipos existentes fazem parte da psique humana. Porém, somente alguns deles são ativados no decorrer da vida.
Quando um arquétipo é ativado propositalmente em nossa psique, ele passa a interferir em nosso comportamento.
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Você já tinha ouvido falar em arquétipos?
2/6 Arquétipos das deusas e a psique feminina.
Conhecer as deusas que habitam a psique feminina é uma forma de alcançar a integridade do nosso ser. Com base nesse conceito, as deusas gregas quando reconhecidas e ativadas, possibilitam o resgate da Grande Mãe dentro de cada mulher.
A psicoterapeuta Jean Shinoda Bolen, em seu livro As Deusas e a Mulher, faz relação das deusas gregas com os padrões da psique feminina. Segundo ela, as mitologias fazem parte do nosso imaginário, e dentro da psique de cada mulher há os padrões comportamentais de todas as deusas.
Algumas mulheres possuem características mais ativas que outras, e isso define qual deusa está dominante em sua psique. Conhecer essas características faz com que se possa aprofundar no autoconhecimento e viver de forma mais empoderada, não tentando se encaixar em padrões sociais pré-impostos, mas sim recorrendo à força de suas deusas interiores para compreender a própria existência como única.
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Identificando as sombras de Perséfone - sinais de alerta e autoconhecimento para a transformação.
Algumas características padrões de comportamento ou de histórias de vida podem podem ser sinais de que uma pessoa tem Perséfone como deusa dominante.
Identificar essas características permite que cada pessoa abrace também os ensinamentos da Perséfone madura que se tornou rainha. Conhecer as nossas sombras é a única forma de nos reconectarmos com a nossa luz.
Algumas características padrões de sombra de Perséfone que servem de alerta:
Ausência de foco e clareza sobre o que fazer, maleabilidade excessiva. Histórico de violências ou traumas nas duas primeiras décadas de vida (podendo ser também mais tarde). Estados de tristeza profunda, depressão ou loucura.
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Você consegue identificar padrões comportamentais de Perséfone em sua personalidade?
3/6 A mitologia de Perséfone.
Perséfone, a deusa grega das ervas, flores, frutos e perfumes era filha de Deméter e Zeus. Foi raptada por Hades, o deus do mundo inferior, que desposou-a e tornou-a sua rainha.
Sua mãe Deméter, deusa da agricultura, vagou desesperada procurando por sua filha desaparecida. Sua dor foi tão profunda, que ela abandonou as plantações e amaldiçoou o solo, gerando infertilidade escassez para as muitas populações.
Temendo pela decadência da agricultura diante da revolta de Deméter, Zeus pediu a Hades que devolvesse sua filha. Porém, antes de libertá-la, este ofereceu sementes de romã a Perséfone, que as ingeriu espontaneamente. Isso era sinal de que ela não rejeitava totalmente o marido e o reino inferior, e portanto, não poderia ser devolvida.
Diante disso, Zeus fez um acordo com Hades, no qual Perséfone permaneceria no reino inferior por 4 meses do ano e nos demais estaria junto de sua mãe. Por isso, segundo a mitologia, o inverno representa a tristeza de Deméter por estar longe de sua filha, e nos demais meses, quando ela retorna, ela se alegra e os campos florescem.
Perséfone passa por um processo de amadurecimento, deixa de ser a jovem vulnerável e assume seu papel de rainha o inferno, onde passa a acolher e guiar as almas dos mortais que lá chegam e a ela recorrem.
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Mais do que parte da mitologia, Perséfone é um arquétipo de flexibilidade e aceitação dos ciclos. Esse arquétipo, juntamente com o de outras deusas, foi citado em publicações de Carl Jung e mais recentemente foi objeto de estudos da psicoterapeuta Jean Shinoda.
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4/6 Processo de transformação
Perséfone é um arquétipo de deusa rico em aprendizados e se manifesta em duas principais fases: a jovial, enquanto Koré, leve, despreocupada, vulnerável e frágil.
E na segunda fase, manifesta-se como a poderosa e temida rainha do mundo inferior, que adaptada e amadurecida, passa a acolher e guiar as almas dos mortais que se perdem no inferno.
Essa deusa passa por um processo de transformação doloroso, mas que a torna mais forte. Por isso mesmo, é um arquétipo de adaptação aos ciclos, de um ser capaz de viajar entre os mundos, adaptar-se e aceitar a impermanência.
Assim como todas as deusas, Perséfone tem sua luz e sua sombra. Porém, até mesmo as suas sombras são chaves para sua própria expansão.
Observação:
Embora eu não tenha propriedade para afirmar isso, acredito que apesar das referências utilizarem o termo "mulher" e "feminino", os mitos estão dentro de todos os seres humanos, independente de gênero. Dessa forma, podem se beneficiar e se apossar desse arquétipo todas as pessoas que se sintam conectadas a ela, bastando para isso se identificarem.
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5/6 Características da Perséfone amadurecida que trazem ensinamentos para a transformação pessoal.
1- Capacidade de renascer
Não importa o que aconteça, sempre é possível renascer.
Perséfone simboliza a primavera nos ciclos femininos, e por isso tem alma jovem. Ela pode ser reativada na mente de uma mulher após períodos de dor, perda, loucura e depressão, levando-a a florescer, se abrir para as mudanças e renascer.
2- Paciência e receptividade para o imprevisível
Nem sempre é possível prever ou controlar os acontecimentos. Perséfone ensina a respeitar o tempo, a permitir que as coisas sigam o fluxo, amadureçam ou manifestem mudanças para então decidir o que fazer, ao invés de agir e fazer algo acontecer a qualquer custo.
3- Receptividade ao outro
Relacionar-se requer flexibilidade e aceitação do outro.
Perséfone tem a capacidade de observar, interpretar e aceitar as pessoas. É flexível, acolhedora, capaz de identificar e as necessidades do outro.
4- Autoaceitação e autoamor
É preciso ser paciente e amorosa consigo mesma.
Perséfone é paciente com seus próprios ciclos, limitações e seus momentos de improdutividade. Ela sabe que é cíclica respeita suas alterações hormonais e as momentâneas pausas da vida. Ela não se culpa por não atender expectativas ou metas de alta produtividade quando seu corpo e mente manifestam a necessidade de recolhimento.
5- Intuição e conexão com a espiritualidade
A intuição é um caminho para a sabedoria.
A Perséfone amadurecida é intuitiva e conectada com os mundos paralelos, desenvolvendo capacidades místicas e percepção extra-sensorial apurada. É corajosa, não teme o desconhecido, não teme as trevas, e por isso mesmo navega por elas com confiança e destreza.
6- Compaixão e acolhimento
Alguém que vivenciou seu próprio inferno sabe enxergar o sofrimento do outro e tem poder de ajudar a atravessá-lo também.
Perséfone foi levada ao mundo inferior contra sua vontade. Após adaptar-se, voltou seu olhar piedoso para aqueles mortais que lá chegavam, e como a rainha do inferno, usou sua experiência para iluminar e guiar os que ainda estavam perdidos em seus próprios infernos.
7- Autorresponsabilidade
Transição de vítima para senhora do próprio destino.
Perséfone passa por vários ciclos como uma vítima, até por fim amadurecer e assumir a responsabilidade por sua própria vida. Nesse ponto, já não há mais culpados para as suas dores. Ela assume a postura de rainha do seu inferno e ao invés de vítima, passa a ser senhora do seu destino, e dessa forma se vê forte o suficiente para ajudar outras pessoas que passaram pelos mesmos tipos de vivências.
6/6 A obra
Beneficio-me da liberdade poética para expressar a minha própria percepção do mito, através da representação artística e minha experiência individual com este lindo arquétipo.
A imagem apresenta Perséfone no seu ciclo amadurecido e que, abandonando sua postura infantil e vitimista, assumiu seu posto de rainha do mundo inferior.
Uma mulher de olhar misterioso, puro e acolhedor. Um olhar compassivo de quem vivenciou experiências dolorosas, mas foi capaz de transcendê-las sem perder a ternura.
Com um véu negro cobrindo a cabeça em sinal de recolhimento em seu próprio mundo, trajando um vestido cuja tonalidade lilás representa sua natureza intuitiva e ligação com a espiritualidade. Segura em uma das mãos uma romã, simbolizando a aceitação das próprias sombras.
Na outra mão, um ramo de orquídeas representando o florescer da primavera e a capacidade de renascer após o período vivenciado no inferno. Embora a flor citada na mitologia seja o narciso, utilizei as orquídeas por sua ligação com a espiritualidade, a perfeição, a beleza e a fertilidade que representam.
A atmosfera escurecida num fundo verde-musgo é levemente iluminada pela aura violeta que emana de sua cabeça, representando a luz de cura que utiliza para guiar os mortais que se perdem no mundo inferior.
"Perséfone: luz, sombra e renascimento" - Denise Bruno - Jul2020
Grafite e aquarela sobre papel - 30x42cm
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Neste momento de grandes transformações planetárias, onde tantas pessoas mergulharam nas profundezas do mundo inferior, entregando-se à tristeza, desesperança, depressão, arquétipos como este podem fazer muita diferença.
O inferno é um estado de consciência. Entramos nele porque muitas vezes, é a única forma de nos abrirmos para a busca de respostas sobre a existência e o despertar de consciência.
Uma vez que encontremos essas respostas, nos reconectamos com a nossa essência, reconhecemos nossa responsabilidade diante da vida e até mesmo descobrimos a nossa missão de alma.
Assim, podemos renascer de nós mesmos e viver sob o aspecto mais elevado do nosso ser.
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